XP: Isenções cobrindo 35% das exportações reduzem impacto das tarifas dos EUA no PIB brasileiro

O governo dos Estados Unidos confirmou, por meio de uma Ordem Executiva, a aplicação de tarifas de 50% sobre uma série de produtos brasileiros exportados ao país. A medida entrará em vigor dentro de sete dias. No entanto, a decisão veio acompanhada de uma lista expressiva de exceções, o que ameniza parte dos impactos esperados para a economia brasileira.

De acordo com a equipe macroeconômica da XP, aproximadamente 35% das exportações brasileiras aos EUA, considerando os valores em dólar, ficarão isentas das novas tarifas. Essa margem significativa de exceções ajudará a suavizar os efeitos negativos inicialmente projetados.

ProdutoParticipação Total (%)Valor (US$ bilhões)Participação Isenta (%)
Produtos de petróleo e derivados18,85%7,66100,0%
Ferro e aço14,73%5,9328,3%
Outros equipamentos de transporte6,85%2,760,0%
Café, chá, cacau, especiarias e derivados5,48%2,210,0%
Máquinas especializadas para indústrias específicas4,34%1,75
Papel e resíduos de papel
Carne e produtos processados de carne
Frutas e vegetais
Máquinas e equipamentos para geração de energia
Minerais não metálicos não classificados em outra parte

Efeito sobre o PIB será mais contido

Inicialmente, a XP previa uma retração de cerca de 30 pontos-base no crescimento do PIB para 2025 devido às tarifas. Com a confirmação das isenções, essa projeção foi revista para uma queda de 15 pontos-base, uma redução pela metade.

Apesar de a maioria dos produtos manufaturados seguir sujeita à tarifa de 50%, os itens básicos, que compõem boa parte das isenções, deverão aliviar o impacto geral. A XP também considera o possível redirecionamento de exportações para outros mercados como um fator compensatório. Com isso, estima-se que o total exportado em 2025 seja reduzido em torno de US$ 4 bilhões.

Efeitos sobre a inflação devem ser temporários

No que diz respeito à inflação ao consumidor (IPCA), a XP prevê um impacto leve e passageiro. Produtos alimentícios relevantes, como carne e café, que serão afetados pela tarifa, tendem a ser redirecionados a outros mercados, ou mesmo absorvidos pelos consumidores americanos a preços mais elevados, como no caso da carne moída.

“Não esperamos um efeito inflacionário persistente”, avalia a XP, destacando que, no curto prazo, pode haver até deflação pontual em alguns alimentos, como frutas, com destaque para o caso das mangas. Ainda assim, esse movimento deve se dissipar ao longo dos meses seguintes.

Espaço para negociações futuras

A corretora também ressalta que ainda há margem para negociações entre os governos do Brasil e dos EUA. Como as tarifas não têm efeito imediato, existe a possibilidade de revisão ou ampliação da lista de produtos isentos, o que reduziria ainda mais os impactos econômicos.

Em resumo, apesar da magnitude das tarifas anunciadas, o impacto sobre a economia brasileira será mais moderado do que se temia inicialmente, especialmente se novas flexibilizações forem implementadas nos próximos dias.

Campanhas Relacionadas