Índia manterá importações de petróleo russo apesar de ameaças de Trump, diz New York Times
Mesmo diante das recentes ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, a Índia seguirá importando petróleo da Rússia, segundo fontes do governo indiano ouvidas pelo The New York Times.
De acordo com os relatos, não houve qualquer orientação oficial do governo indiano para que as empresas petrolíferas reduzam as compras de petróleo russo. “Esses são contratos de longo prazo”, afirmou uma das fontes. “Não é possível suspender as importações de forma imediata.”
Na última sexta-feira (1º), Trump declarou a jornalistas que havia sido informado de que a Índia deixaria de comprar petróleo da Rússia. No entanto, segundo o NYT, essa mudança de postura não ocorreu.
Em publicações anteriores na rede Truth Social, Trump ameaçou impor sanções adicionais à Índia por continuar adquirindo armas e petróleo russos. Em 14 de julho, ele chegou a sugerir a aplicação de tarifas de 100% sobre países que mantivessem negócios com Moscou, caso a Rússia não buscasse um acordo de paz significativo com a Ucrânia.
Abastecimento estratégico
A Rússia é hoje a maior fornecedora de petróleo para a Índia, respondendo por cerca de 35% do total importado. Nos primeiros seis meses de 2025, o volume médio foi de 1,75 milhão de barris por dia — um aumento de 1% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados obtidos pela Reuters.
Durante coletiva de imprensa nesta sexta, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Randhir Jaiswal, disse que as decisões sobre abastecimento energético são baseadas em uma análise das condições de mercado e do contexto global. Ele destacou que a parceria com a Rússia é “estável e consolidada” e que a política externa da Índia é guiada por interesses próprios, não por pressões de terceiros.
Refinarias em alerta
Apesar da postura oficial, as refinarias estatais indianas teriam interrompido temporariamente a compra de petróleo russo na última semana, segundo a Reuters. O motivo seria a redução dos descontos oferecidos por Moscou — os menores desde 2022, quando as sanções ocidentais começaram a impactar as exportações russas.
A refinaria Nayara Energy, uma das principais compradoras de petróleo russo na Índia, também enfrenta desafios. A empresa, majoritariamente controlada por entidades russas como a Rosneft, foi recentemente alvo de sanções da União Europeia. Em julho, o CEO da companhia renunciou ao cargo, e Sergey Denisov, executivo de longa data da empresa, foi nomeado para o posto.
A Reuters informou ainda que três navios carregados com derivados da Nayara continuam retidos, sem conseguir descarregar, em decorrência das novas restrições da UE.
Casa Branca não se pronuncia
Até o momento, o governo dos EUA não comentou oficialmente sobre a decisão da Índia de manter as importações. Segundo o NYT, o impasse deve seguir como mais um ponto de tensão na relação entre Washington e Nova Déli.
