Dólar e Ibovespa recuam com tensão sobre tarifas dos EUA e dados fracos de emprego
O dólar encerrou esta sexta-feira (1º) em queda de 1,01%, cotado a R$ 5,5445. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também recuou, fechando em baixa de 0,48%, aos 132.437 pontos.
O cenário financeiro foi impactado por duas frentes principais: o novo pacote de tarifas anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e dados de emprego mais fracos do que o esperado na economia americana.

Tarifas de Trump reacendem temores
Na quinta-feira (31), Trump assinou uma ordem executiva impondo novas tarifas a diversos países, com alíquotas entre 10% e 41%. As medidas entram em vigor em 7 de agosto.
O Brasil foi o mais atingido, com tarifa de 50%. Ainda assim, mais de 700 produtos brasileiros foram excluídos da lista, incluindo suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis, metais e madeiras. Analistas consideram as exceções um sinal de recuo parcial por parte de Trump, mas o mercado segue em compasso de espera quanto à resposta do governo brasileiro.
Segundo a Casa Branca, a decisão foi motivada por ações do Brasil consideradas uma ameaça à segurança nacional e à economia dos EUA. As tarifas, que deveriam começar a valer nesta sexta, foram adiadas para 6 de agosto.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo brasileiro não pretende retaliar os EUA, mas trabalhará para minimizar os impactos sobre a indústria e o agronegócio.
Emprego nos EUA decepciona
O relatório de emprego dos EUA (Payroll) trouxe dados abaixo do esperado. Em julho, foram criadas apenas 73 mil vagas fora do setor agrícola, enquanto o mercado projetava 110 mil. A taxa de desemprego subiu para 4,2%.
Além disso, os números de meses anteriores foram revisados para baixo: maio gerou apenas 19 mil vagas, e junho, 14 mil — os piores resultados desde o início da pandemia.
De acordo com os estrategistas Ian Lyngen e Vail Hartman, do BMO Capital Markets, os dados reforçam a possibilidade de um corte na taxa de juros pelo Federal Reserve em setembro.
Apesar de cortes de juros serem bem-vistos pelos mercados, os números aumentam o temor de uma desaceleração mais forte nas economias desenvolvidas.
Impacto global
A combinação entre tarifas elevadas e dados econômicos fracos derrubou os mercados globais. Na Europa, os principais índices registraram a maior queda diária desde abril:
- STOXX 600: -1,89%
- Londres (FTSE 100): -0,70%
- Frankfurt (DAX): -2,66%
- Paris (CAC 40): -2,91%
- Milão (FTSE MIB): -2,55%
- Madri (Ibex 35): -1,88%
- Lisboa (PSI 20): -1,10%
Nos EUA, os índices também fecharam em queda diante do aumento do pessimismo.
Pressão sobre o Fed
Trump voltou a pressionar publicamente o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, por cortes mais rápidos na taxa de juros. Em postagem na rede Truth Social, chamou Powell de “imbecil teimoso” e sugeriu que o conselho do Fed deveria intervir diretamente.
Atualmente, os juros estão entre 4,25% e 4,50% ao ano, mantidos inalterados nas últimas cinco reuniões.
Outros dados econômicos
Além do Payroll, outros indicadores reforçaram a percepção de enfraquecimento da economia americana:
- Gastos com construção: queda de 0,4% em junho, devido à redução nos projetos de moradias unifamiliares.
- Setor industrial: contraiu pelo quinto mês seguido em julho, com o emprego no setor atingindo o menor nível em cinco anos, segundo o ISM. O aumento nos custos de importação, causado pelas tarifas, foi apontado como um dos motivos.